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Imagine o triângulo a seguir:

Semelhança1

O que acontece se dermos um zoom nele? Em primeiro lugar, o formato da figura não irá mudar (afinal, se dermos zoom na foto de um cachorro, não irá aparecer uma capivara). Por causa disso, a medida dos ângulos não irá mudar.

Semelhança2

E o que acontece com os lados? Observe que se você der um zoom na foto de um cachorro, você verá um cachorro, porém maior. O mesmo acontecerá com o triângulo. Mas acontece algo mais interessante ainda: se um dos lados dobra de tamanho, o mesmo acontece com os outros. Se um triplicar, ocorre o mesmo com os outros. De um modo mais matemático: eles são proporcionais. Observe que nestes dois últimos triângulos, os lados deste último medem o dobro do primeiro. Neste caso, os triângulos serão semelhantes.

Dois triângulos são semelhantes se podemos encontrar uma correspondência entre eles que relaciona ângulos iguais e lados proporcionais. Por exemplo, na figura a seguir

Semelhança de Triângulos

Nesta definição, é chamado de razão de semelhança (ou razão de proporcionalidade) entre os triângulos.

Nela existiu uma correspondência entre os vértices e com e , respectivamente. É interessante que escrevamos a semelhança na ordem da correspondência dos vértices, ou seja, que é semelhante a . Podemos escrever isto da seguinte maneira: .

Os lados e são chamados homólogos. O mesmo vale para e e também para e .

Podemos ver a congruência de triângulos como uma semelhança com razão de semelhança igual a .

Quando Procurar Por Semelhanças[]

  • Quando um ou mais ângulos aparecem mais de uma vez na figura.
  • Quando temos alguma proporcionalidade entre os lados.

Caso (Ângulo, Ângulo)[]

Sejam e triângulos tais que e . Então os triângulos e são semelhantes pelo caso .

Caso AA de semelhança

Caso (Lado, Ângulo, Lado)[]

Sejam e triângulos tais que e . Então os triângulos e são semelhantes pelo caso .

Caso LAL de semelhança

Caso (Lado, Lado, Lado)[]

Se , então os triângulos e são semelhantes pelo caso .

Caso LLL de semelhança

Como Identificar Semelhanças por Paralelismos[]

Seja um triângulo, e pontos sobre os segmentos e , respectivamente. Se é paralelo a , então os triângulos e são semelhantes.

Como Usar Semelhanças para Provar Paralelismos[]

Sejam e triângulos semelhantes, de forma que , e sejam colineares e que seja válido o mesmo para , e . Então e são paralelos.

Observação[]

Se dois triângulos são semelhantes, os segmentos correspondentes são proporcionais. Por exemplo, alturas, bissetrizes, medianas etc.

Exemplo[]

Sejam um triângulo, e pontos sobre os lados e respectivamente, tais que é paralelo a . Considere o ponto médio de e o ponto de encontro entre e . Prove que é ponto médio de .

Solução: Considere , e . Queremos mostrar que . Já que é paralelo a , conseguimos umas semelhanças envolvendo e . Comecemos observando que os triângulos e são semelhantes. Assim

Além disso, e são semelhantes, de onde segue que

.

Se compararmos as duas últimas igualdades,

Com isso, é ponto médio de .


Exemplo (TM² 2019)[]

Seja um triângulo isósceles com . Sejam e pontos sobre e , respectivamente, tais que . A bissetriz de intersecta a reta em . Mostre que a reta passa pelo ponto médio de .

Solução: Nada do problema parece nos levar a pensar em pontos médios, talvez exceto por um fato: . Isso nos induz à construção de uma circunferência de centro e raio , porque circunferências geralmente nos levam a igualdades entre distâncias e diâmetros nos levam a pontos médios. Se nomearmos como o ponto de interseção dessa circunferência com a reta , veremos que , o que significa que é paralela a .

TM2 2019 P5


Com esse paralelismo, podemos ter uma ideia de como resolveremos o problema: vamos considerar a reta . Se ela realmente passa pelo ponto médio de , ou seja, se ela é mediana do triângulo , essa reta também será mediana de um triângulo formado pelas retas e e uma reta paralela a , porque as três formariam um triângulo semelhante a ... ora, mas nós temos uma reta paralela a , que é ! Se prolongarmos até tocar em , precisamos agora provar que , mas isso significaria que está na circunferência que desenhamos, e, não só isso, como e são colineares, precisaria ser um diâmetro (olha só, justamente a ideia que imaginamos) da circunferência, ou seja, . Mas, como é bissetriz de , se , deve ser a bissetriz externa de . Conseguimos reduzir as condições do problema para algo muito mais fácil: uma igualdade entre ângulos, que, se provada, finaliza o problema. Felizmente, temos um paralelismo para facilitar nossa vida: como é paralela a , vale que , mas como , , o que prova que é a bissetriz externa de , acabando com o problema.

Exemplo (OBM 2004 - 3ª Fase - Nível 2)[]

OBM2004q1n2

Na figura e são triângulos isósceles () e os ângulos e medem .

(a) Utilizando propriedades geométricas, calcule a medida do ângulo .

(b) Sabendo que , calcule a medida do segmento .

(c) Calcule a medida do segmento .

Dicas:

(a) Use o fato de que também é um triângulo isósceles.

(b) Prove que os triângulos e são congruentes.

(c) Considere e o ponto de encontro entre os segmentos e . Use o fato de que os triângulos e são semelhantes para calcular em função de . Em seguida, mostre que e são paralelos e use semelhança para calcular o valor de .


Solução:

(a) Queremos mexer com ângulos e aparecem vários triângulos isósceles. Como podemos prosseguir? Uma estratégia legal é usar o Teorema do Triângulo Isósceles. Como é isósceles de base , segue que , de onde segue que, .

Além disso, é isósceles de base e assim .

Desta forma, .

(b) Seja o ponto de encontro dos segmentos e . Se aplicarmos o Teorema do Ângulo Externo no triângulo , veremos que . Além disso, . Logo, pela recíproca do Teorema do Triângulo Isósceles, . Desta forma, basta calcularmos para concluirmos o problema.

Porém é um triângulo isósceles de base , de onde segue que . Podemos perceber que . Logo, .

E como calculamos ? Como algumas medidas de ângulos e de lados aparecem várias vezes na figura, é interessante procurarmos alguma congruência. Basta vermos que e são congruentes pelo caso e assim . Logo, .

(c) Considere . Pelo enunciado, . Como vários ângulos se repetem, é interessante procurarmos uma semelhança (de preferência que envolva ). Observe que é um triângulo que envolve e seus ângulos são , e . Existem algum outro triângulo com esses ângulos? Sim: . Desta forma, esses dois triângulos são semelhantes e com isso,

E qual a vantagem de termos descoberto isso? Observe que e . Logo, o pode ser calculado de outra maneira em função de :

.

Se compararmos os resultados obtidos:

Como é positivo, segue que .

Exemplo (IMO Shortlist 2002)[]

Os círculos e se intersectam nos pontos e . Uma reta passando por encontra e em e , respectivamente. é um ponto em . A reta que passa por paralela a encontra em , enquanto a reta que passa por paralela a encontra em . A reta perpendicular a que passa por encontra no ponto , que está num semiplano diferente de do que . A reta perpendicular a que passa por encontra no ponto , que que está num semiplano diferente de do que . Mostre que .

IMOSL 2002 G8 A

Solução: Como e , temos que . Seja o segundo ponto de interseção de com . Notemos, então, que .

Perceba que um segmento, o ângulo de um dos vértices de um triângulo e a posição do pé da altura relativa a esse vértice na base são suficientes para determinar um triângulo e seus ângulos. Por "posição", queremos dizer, mais formalmente, a razão na qual ele divide o segmento da base. Isso quer dizer que se dois triângulos têm essa característica em comum, ou seja, o pé da altura divide a base na mesma razão e o ângulo do vértice oposto a esse base é o mesmo, então os dois triângulos são semelhantes. É isso que acontece com , porque e .

Isso significa que , e, como , isso significa que . Essa semelhança nos diz que:

Mas, como é um paralelogramo, e , ou seja:

ser um paralelogramo também nos diz que , o que nos permite deduzir que:

Combinando e , temos que pelo caso LAL.

IMOSL 2002 G8 B

Seja a interseção de e . Como , segue que . Do triângulo , tiramos que:

Mas, como , segue que , portanto:

Como queríamos.

Como Usar a Semelhança Para Encontrarmos Outros Ângulos[]

  • Sejam e triângulos semelhantes, e pontos médios de e , respectivamente. Então .

Como Encontrarmos Congruência se Tivermos Semelhança?[]

Sejam dois triângulos semelhantes. Se os raios das suas circunferências circunscritas são iguais, então os triângulos são congruentes.

Relações Métricas em um Triângulo Retângulo[]

Seja um triângulo retângulo em com , e . Considere a altura relativa a de tal forma que , e . Então

Também pode ajudar você lembrar que e que .

Áreas e Semelhança de Triângulos[]

Se a razão de semelhança entre duas figuras é , então a razão entre suas áreas é .

Exemplo (OBM 2014 - 3ª Fase - Nível 2)[]

Considere um quadrado de centro . Sejam , , e pontos no interior dos lados , , e , respectivamente, tal que . Sabe-se que intersecta no ponto , intersecta no ponto , intersecta no ponto e intersecta no ponto . Dado que , calcule

Solução: Fazendo uma boa figura, parece que e são ambos quadrados. Vamos provar que isso é, de fato, verdade. Temos que , e consequentemente . Como , então temos as seguintes congruências: , donde .

Dessas congruências, temos também que , o que significa que . Analogamente, todos os ângulos internos de são retos, e, junto com , isso significa que é um quadrado. Mais do que isso, como e são segmentos paralelos de mesma medida, é um paralelogramo e suas diagonais se encontram em seus respectivos pontos médios; como o ponto médio de é , ele é também o ponto médio de . Repetindo esse processo com o outro par de vértices de prova que também é o centro de .

Temos também como formar mais congruências: , junto com e nos dá congruências de triângulos por LAL, mais especificamente, temos:

Assim, , e, como está inscrito no quadrado , por uma situação análoga a inscrito em , também é um quadrado.

Obm2014n2p4

Ok, agora vamos começar a mexer com áreas. Como os quadrados são figuras semelhantes, a razão entre suas áreas é o quadrado entre a razão entre seus lados, o que pode ser bastante útil. Mas como vamos encontrar as razões entre os lados? Podemos usar o Teorema da Bissetriz Interna, já que é bissetriz de . Com ele, temos:

Como provamos, é o centro de , e portanto , donde, como os triângulos e são semelhantes, donde:

Temos o valor de e queremos o valor de . Se fizermos :

Ou seja, o valor é . O valor do produto das áreas é sempre .

Exemplo (Cone Sul 2008)[]

Seja um triângulo, um ponto em seu interior e , e pontos em , e respectivamente tais que . Considere os pontos , e sobre e (ou seus prolongamentos, se necessário) tais que ; e . Sabendo que a área de é , calcule a área de .

Dicas:
Prove que , e são semelhantes. Mostre também que , e são semelhantes a , e , respectivamente. Use isso para ver que e são semelhantes.

Solução: Este problema tem segmentos que possuem o dobro das medidas de outros. Além disso, existem ângulos de mesma medida. Isso tem muito cheiro de semelhança de triângulos.

Se conseguirmos mostrar que os triângulos e são semelhantes e soubermos a razão de semelhança, então conseguimos calcular a área de .

Quais semelhanças conseguimos? Observe que, pelo enunciado,

Assim,

Além disso, . Desta forma, e são semelhantes pelo caso . Analogamente, e também são.

Vamos explorar os ângulos iguais que conseguimos dessas semelhanças. Observe que

Com isso,

Mais ainda

Desta forma os triângulos e são semelhantes pelo caso . Assim . Analogamente, e . Com isso, os triângulos e são semelhantes e a razão de semelhança é . Logo,

Páginas Relacionadas[]

Lugares Para Estudar[]

Vídeos[]

Bibliografia[]

  • BARBOSA, João Lucas Marques. Geometria Euclidiana Plana. 11ª. ed. [S.l.]: SBM, 2012. 257 p.
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